segunda-feira, 14 de junho de 2010

Furando o olho do mundo


Para os que se detém no primeiro olhar, a fotografia sugere apenas um homem cravando um alfinete gigante na terra, mas a intensidade de sua metáfora talvez só se complete nas páginas do romance “A Metamorfose”, de Franz Kafka, e nas dez faixas do disco “Certa manhã acordei de sonhos intranqüilos”, o sexto da carreira solo de Otto. O álbum é uma transa perfeita entre literatura, música e –por que não? - imagem. Presente do artista plástico pernambucano Tunga, amigo pessoal de cantor, a capa do disco complementa com precisão a intensidade dos sentimentos que o músico deseja transmitir. Sobre seu significado, Otto se limita a dizer: “alguns amigos meus dizem que sou eu furando o olho do mundo”. Com inspiração kafkaniana, o disco indica uma metamorfose na vida do cantor, devido, principalmente, ao rompimento de seu casamento com a atriz Alessandra Negrini. Para os que se deixam ser alfinetados, a mudança pode ser, mais que uma sugestão, uma prazerosa fatalidade.
Postado por Diego Ferreira, Fernanda Tirre, Mariana Schneiderman e Paloma de Macedo.

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